No fim do ano passado, a menina sem nome acordou achando que havia desperdiçado anos de sua vida com algo que brilhava aos seus olhos. Então, com uma dor profunda que dilacerava seu coração, resolveu aprender a se desprender de algumas coisas, em especial de algo que a fazia ficar cega diante de qualquer acontecimento, tanto era seu brilho. Esta coisa reluzente que tanto queria fugir, muitas vezes a tinha deixado transbordante de alegria, mas também foi o que mais a fez chorar no último ano. Choro de ausência, de falta. O objeto reluzente havia cativado e a deixado guardada, como se ela fosse o objeto. Surgia na sua frente de vez em quando e a fazia delirar de felicidade. Em silêncio, ela fechava os olhos e sentia a felicidade tomar conta dela.
Mas acordou com um BASTA!! na mente e resolvida a ter Vida Nova. Porém, percebeu que se desprender de coisas é tão péssimo e difícil quanto tentar se livrar de algum vício que destrói a saúde. E essa relação dela com a coisa reluzente também era um vício. Percebeu só nesse momento. Só de pensar em como se desprender, já tinha crises de abstinência. Já havia se acostumado à idéia de ter o objeto só de vez em quando, mas pensar em não ter nunca mais, por vontade própria, começou a doer mais. A felicidade está ali a um metro dela, estendendo a mão, mas ela insiste em ficar em dúvida. Se desprender do que cativa, faz feliz momentaneamente e triste muitas vezes ou viver livre e aprender a ser feliz todo dia? O melhor, sua razão mostrava o que era. O coração e a mente a prendiam em algo que ela não aguentava mais sentir. E a dúvida entrou com ela no novo ano: como usar a força de vontade para aprender o desapego?
Iê...
8 comentários:
Não sei que objeto reluzente é esse, mas o texto me fez lembrar de uma coisa. Eu fui apaixonada por um namoradinho que me fazia sofrer muito. Uma vez ele me disse que eu era um objeto valioso e que ele era o pó que me cobria. Ele tinha toda razão...só depois que consegui me desprender dele percebi o quanto tinha perdido e quanto havia ficado cega por conta do pó, e não da luz, que ele tinha...
Olha, que história maravilhosa.
Aprender o desapego ou continuar a sentir dor? Eis a questão.
Enfim... objetos reluzentes sempre nos trazem recordações inesperadas.
Beijos,
Noossa, que lindo texto! Singelo e impactante!
Adorei o blog :)
=**
A dor é dilacerante mesmo... tens toda razão... mas há que se ter coragem... muita coragem... para decidir que estas doses pequeninas de dor quase nos afoguem de uma só vez e pronto! Como tirar uma bala ou resídou alojado na pele... depois que sai... pronto... vc pode voltar a respirar! Tenho certeza que aí dentro há essa coragem... procure com carinho. Além do mais... tds as manhãs o sol nasce... aconteça o que acontecer!
Bjossss
Com certeza essa menina consegue. A força está dentro dela, o amor por si mesma, faz com que crie a energia suficiente para ser feliz. bjs
Lembrar das coisas ruins que o objeto te proporcionou e analisar se foram maiores que os momentos felizes é uma boa. A resposta vai te ajudar a saber se deve se desapegar ou não. Assim espero hehe
Pra mim, o desapego é algo muito dual. É algo simples, mas ao mesmo tempo, difícil, pois envolve sentimento, expectativas e sonhos. É muito dolorido, por mais que não faça mais sentido pra gente, admitir que algo ou alguma situação deve ser esquecida, pra que a gente dê espaço para o novo. Acredito que o exercício do desapego deve ser diário, para que possamos, quem sabe um dia, nos sentirmos mais livres e felizes com a gente mesmo! Parabéns pelo texto. Me fez pensar em muitas coisas. =)
Minha querida,
É preciso abrir mão do "velho" para que venha o "novo".
A menina sem nome que conheço é corajosa e guerreira o suficiente para se libertar, por mais que doa. Enquanto a alma dela está presa à indecisão alheia, sua vida não tem a chance de conhecer o que realmente a espera: algo reluzente que não aprisiona, mas liberta.
Estou ao lado dessa menina para o que der e vier. Mesmo à distância...
Um beijo
Postar um comentário