30 de mai. de 2009

:: palavras enroscadas::

Pintura de Gustav Klimt/google imagens

Sempre deixei para depois algumas coisas entaladas na garganta. Devia ter conversado direito sobre o que sinto outras vezes contigo. Palavras que enroscam e me causam ânsia. Às vezes parece tarde demais, mas quando você surge com frases soltas que só causam confusão em mim, sinto vontade de expulsar algumas coisas que acho, que sinto, que sei, mas travo. Dá um medo gigantesco de revolucionar, de dizer-te palavras sangrentas - porque tudo que você faz me dilacera - mesmo sabendo que ainda há algo ai dentro que nem você mesmo compreende, que te dá medo de ousar, de perder o que há de mais bonito no que te entreguei por incontáveis vezes. Dizer que sua ausência nua e crua me faz sentir o ser menos importante do universo, me corrompe. Que fico perplexa com a minha falta de condições para você explorar meus sentidos. Que diversas vezes engoli um "eu te amo" nos momentos mais intimos por medo de cobrar demais e perder o 1% que tenho de você. Que não entendo esse seu não me querer, mas querer. Já me senti burra por guardar esse sentimento vermelho ofuscante dentro de mim. Suas cobranças me embaralham, porque não as devo. Sinto medo de cair em outros braços e seu fantasma me perseguir - isso já aconteceu e foi desastroso. Mas sinto medo maior de outro alguém cair em seus braços e eu me desfazer por completo com uma dor incessante, porque às vezes acho que sou feita deste amor que há dentro de mim - mesmo sabendo que com ele sempre presente não consigo me reconstruir. Esse amor independe de qualquer coisa externa, de físico ou material, ele se mantém de chama acesa, por tudo o que de mais belo foi colocado na sua criação. Coisas simples como o abraço que só você sabe dar. Palpitações extremas (em ambos) que surgem sem qualquer esforço seu/meu. Tudo tão estranho, um amor que é meu/seu, mas não é. Uma razão que teima em queimar, demolir, implodir este sentimento, mas que não encontra forças suficientes. E eu só queria te dizer... melhor deixar para lá. De que adianta dizer? Nada vai preencher mesmo a incógnita que você deixa em mim.

Iê...

3 comentários:

Juliêta Barbosa disse...

Iêda,

Gosto da sensação de ter esgotado até a última gota do meu amor. Depois disso, só existe o vazio... Mas, sem culpas nem remorsos. Aí sim, posso ficar plena, novamente, e a felicidade vai me encontrar inteira. Às vezes, como diz a Marla: "somos a pessoa certa na hora errada de alguém".

Amanda Proetti disse...

Amo profundidades, densidades, tão sutis que até pesam!
PARABÉNS! Lindo texto!

Filomenas disse...

Sugiro gritar esse "eu te amo" entalado aí. Pode ter certeza de que só te fará bem...

beijos