9 de mar. de 2009

:: Uma vida para um conto ::

foto by google


A vida era sem graça, mas, mesmo assim, eu encontrava algumas cores nela.
Dancei. E dançando dei de cara com seu olhar. Ou seu olhar deu de cara com o meu. Sei lá!
O beijo aconteceu. O toque aconteceu. E viramos um só por diversos momentos.
O tempo passou arrastado e nem percebi que estava tantos dias nos seus braços, na sua vida.
Gargalhei quando você me disse que eu era sua vida. Puxa, você não era a minha. "Como alguém pode ser a vida de outro?", não entendia esse exagero em suas palavras. Eu nunca tinha amado alguém.
Mesmo trazendo cores e sorrisos para meus dias, você não era a minha vida.
Me senti triste por isso. Mas éramos uma dupla fascinante nas diversões, nos passeios, nos momentos malucos que inventávamos. E eu ainda tinha a liberdade que exigi. Louca, tinha tudo o que muitas queriam, mas eu sentia que existia algo me esperando e que meu lugar não era ali.
Porém, permaneci. E somei a sua adrenalina a minha falta de adrenalina.
Voei. É, você me fez voar diversas vezes. Fez com que eu saltasse daquela pedra mesmo de olhos fechados. Gritou, implorou para eu abrir os olhos. Abri. E ali só senti que estava segura porque você guiava. E aquela paisagem foi a coisa mais linda que vi até hoje. Voar como um pássaro. E, ao pousar, eu só disse isso: "Voei como um pássaro". Você ria da minha cara estonteante sempre que pousavamos. E eu, hoje, sinto falta de me sentir um pássaro.
Um dia acordei e fiz tudo virar um pesadelo. Deixei a adrenalina, a calmaria dos seus braços e a vida de pássaro de lado. É, acabei com tudo. Não foi fácil. Mas você não entendeu que era para você ser feliz. Não podia manter aquela felicidade daquela forma. Tinhamos que dar liberdade à dupla e virar um só de cada lado.
Você fugiu e isso me fez sentir livre, achando que estava tudo bem, já que uma pessoa não pode ser a vida de outra. Vidas independentes, mesmo sem saber o que eu queria encontrar.
Só que a vida me deu uma rasteira e me colocou no seu lugar.... Outro virou a minha vida. Foi ai que entendi como sentir que uma pessoa é a vida da outra. É mágico, é como se sentir uma só pessoa, mas completa em todos os poros. Ai senti minha vida com todas as cores do Universo e mais algumas. Às vezes eu me via em você ao avesso. Sabia que era igual. E entendi como você se contentava com pouco. Porque também me contentei com pouco depois.
Perdi o jogo também, da mesma forma que tinha dado "cheque mate" em você. Triste fim...
E a vida ficou assim cinzenta, preto e branco. Mesmo assim, reencontrei algumas cores. Porém, o sorriso não é o mesmo. A vida não é a mesma. O coração não é o mesmo. É meio esmagado e tem uma dor intermitente.
Descobri que a volta das cores se deu por sua causa, por trás dos bastidores. E ai, ontem, você me disse que eu era a sua vida. Ainda! Eu não gargalhei. Lágrimas quase escorreram dos meus olhos. É, eu aprendi a ficar sensível! "Eu entendo", disse com um sorriso frouxo. "Existe alguém que é a minha vida também agora", mas eu não o alcanço, está longe, e sei que tenho que viver pela metade. "Assim como eu", você disse num riso quase triste . "A vida tem dessas coisas...", e não consegui completar. Não sei o que te faz ter tanta força para lutar por essa metade que foge de você. Eu queria tentar corresponder a isso, juro! Te amar infinitamente, mas não consigo! "Desculpa!", é só o que me resta dizer.

Deixo, aos poucos, o resto dos (das) meus (minhas) cinzas em multicores!

Iê...


8 comentários:

Andréia Félix disse...

Poxa.. Quase te entendo! Mas não sei dizer "você é minha vida". É medo de ouvir a resposta e de confiar minha vida a outra vida u.u

Bjão!

Alexandre Ofélio disse...

Sem palavras!!!

Profundo...Li duas vezes.....e continuo sem palavras

Montanha

Amanda Proetti disse...

E os dias vão passar, os anos vão passar, as décadas, as gerações, muitas épocas vão passar, e o desencontro de dois corações ainda será meu motivo maior de não entendimento e dor, e o encontro, o sublime sentido de viver!

Michelle Ribeiro disse...

Porque a gente não manda no coração...

Iêda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Você consegue colocar sentimentos nas palavras, Petit!
bjokas
Fábio Collaro

Anônimo disse...

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Baci
Zappa

João Luis Pinheiro - Jornalista, escritor e poeta disse...

Ufaa! Quase perdi o fôlego! Poucas vezes li algo tão bonito e verdadeiro. Há alguns anos vivo pela metade por aí. Mesmo que em algum momento tenha achado que tinha encontrado este pedaço que falta. Deve estar vagando por aí também...

Beijos
João